O lado político do Natal

O bom velhinho e a política

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Quando se fala em Natal, uma das principais datas comemoradas pelos cristãos de todo o mundo, é quase que impossível em não lembrar do velhinho de contornos rechonchudos, bochechas rosadas e semblante bonachão: o Papai Noel. A figura que é cercada de inúmeras histórias quanto ao seu surgimento.

Contudo, vocês sabe que a origem dessa data festiva é fruto de uma decisão política? É isso mesmo. Após a oficialização do cristianismo, no interior do Império Romano, várias datas foram incorporadas com o propósito de alargar o número de convertidos à nova religião do Estado. Foi quando o 25 de dezembro foi instituído como a data em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Porém, há outras versões em torno da data e, inclusive, do seu maior ícone, o bom velhinho.

Mas o que, afinal, a política tem a ver com um morador tão longínquo, que vive no Polo Norte cercado de tanto mistério e de assistentes que o ajudam a espalhar a esperança e a felicidade no último mês do ano? O cientista político da UFSM José Carlos Martinez sustenta que o Papai Noel é uma figura carismática e, inclusive, populista. Alguma dúvida? Por isso, muitos políticos querem "colar sua imagem" à figura do bom velhinho, assegura.

E, ao que tudo indica, a política e os gestores públicos demonstram apreço pela data natalina e pelo Bom Velhinho. Recentemente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro antecipou, para novembro, o Natal com o objetivo de desejar "felicidade e paz para todo o mundo". Maduro assinou um decreto e trouxe o Natal para o dia 1º de novembro. A medida, segundo Maduro, era para "derrotar a amargura".

O Natal e, principalmente, a figura do Noel, que transparece doçura e perdoa as travessuras da criançada, têm sido utilizados por políticos e gestores públicos como uma forma de se aproximar da comunidade e, acima de tudo, para ampliar sua fatia de eleitores. Aliás, empresas, instituições e alguns eleitores costumam receber inúmeras cartas de políticos desejando felicitações de Natal.

Em Santa Maria, o comunicador João Carlos Maciel, vereador pelo PMDB, desenvolve há 14 anos o chamado Natal do Amor Maior. O projeto é a maior atividade beneficente, atualmente, da cidade e conta com mais de 200 voluntários. Neste domingo, haverá a entrega de mais de 17 mil brinquedos para 5 mil crianças (na sede do programa de rádio de Maciel, na Rua Dr. Pantaleão, 200). Mas o vereador diz não fazer uso político da atividade:

_ Faço trabalho voluntário há 40 anos. Sempre terá quem critique.

A Coca-Cola e a popularização do Papai Noel

A popularização do Bom Velhinho veio na década de 20, com a Coca-Cola. À época, o refrigerante não era muito bem vendido no inverno e, então, foi lançada a campanha Thirst Knows No Season (A Sede não Obedece às Estações). Essa intensa propaganda atrelada à imagem de um Papai Noel simpático e extremamente cativante mudou a realidade do refrigerante.

Para Vitor Biasoli, professor do departamento de História da UFSM, a sociedade tem deixado de lado o viés humanista e solidário do Natal:
_ Hoje, a felicidade está atrelada ao consumo.

Já o cientista político José Carlos Martinez lamenta "que o mundo tente se melhorar apenas em dezembro".

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